Porque resolvi ter um blog contando o que mais me agrade e o que mais me aborrece quando saio para comer fora?

Sou conhecida pelos amigos de Itapira por Gabriela Victor, por conta da minha mãe Heloisa Victor, famosa por suas habilidades culinárias e pelo seu buffet, o Victory (daí sua influência em mim pelo meu paladar mais exigente).

Desde minha infância, minha vida sempre foi com contatos em grandes almoços em família, com mesa farta, boa comida e boas bebidas, fazendo jus aos meus antecedentes italianos. Junto com minha mãe no buffet aprendi a ser crítica na questão serviço e apresentação de uma boa mesa.

Minha avó Ditinha Papalardi, saudosa e querida por todos, fazia maravilhosos pratos aos domingos naquela mesa enorme e cumprida na pérgola da sua casa, como a inesquecível língua de boi….hummm…nunca vi em outro lugar na minha vida uma iguaria destas tão saborosa e macia.  E o pimentão recheado? A berinjela escabeche ao forno? 

Ela era meticulosa, caprichosa, tinha paciência em decorar os pratos (enfeitava os mais charmosos canapés que já vi) e fazia com que uma comida já tão deliciosa no seu sabor, ficasse ainda mais gostosa em “comer com os olhos”.

Lembro ainda dos almoços em Mogi Mirim na casa da tia Lilia, e o seu famoso vatapá. O acompanhamento do manjar branco era irresistível.

Sofri influência também por parte da família do meu pai, “os Pereiras”, como são conhecidos. Minha avó Genny, um pouco menos prendada em culinária do que minha avó Ditinha, mas mesmo assim, preparava os almoços de Natal naquela mesa enorme na garagem da casa dela, geralmente tendo como prato principal a famosa Leitoa à Pururuca. 

Na verdade, eu acho que sempre convivi com pessoas de “mãos cheias”, como dizem. Minha tia Eugélia de Mococa, mandava pra nossa casa no Natal, caixas e mais caixas daqueles docinhos maravilhosos de frutas cristalizadas. O de melancia, com as nuances das cores da fruta que iam do verde da casca ao vermelho da polpa; o de figo, o de laranja… não esqueço o aroma que a minha casa tinha nessa época do Natal, pois a minha mãe ia abrindo aquelas caixas e separando em outras pequenas caixas sortidamente as variedades dos docinhos que depois vendia aos parentes e amigos.

Recordo ter sido assim que começou a minha curiosidade por gastronomia, ajudando a minha mãe a separar os docinhos de Natal. Também na minha infância, minha mãe começou a fazer por encomenda aos amigos, seu espetacular fios de ovos. (a origem do seu buffet). Eu nunca vi em outro lugar do mundo fios de ovos como o dela. Aliás, vi sim, o da tia Jucy (que foi quem a ensinou a fazê-los). Saudosa e também querida tia Jucy. 

Em casa, me lembro do cheiro da calda do açúcar, tomando conta do ambiente, um trabalho todo artesanal e quase sensual dos ovos passando pelo funil muito lentamente e caindo naquela calda cheirosa e se transformando nos fios de ovos. 

Eu ajudava a minha mãe a quebrar as centenas e mais centenas de ovos, separando a clara da gema e depois passando na enorme peneira….me recordo até de um momento engraçado…uma funcionária de casa, tão curiosa com aquilo tudo, perguntou pra minha mãe, se aquilo era macarrão, mas não se conformava em comer o tal do “macarrão doce”, como ela chamava.

Mais refinado ainda era presenciar o querido tio Zé fazendo seu macarrão ao vôngole. Foi com ele que um dia experimentei o tal do escargot. Achei aquilo muito nojento e chique e gostoso ao mesmo tempo.

Por tudo, eu cresci no meio de pessoas muito boas em cozinhar, pessoas muito dedicadas na arte gastronômica, pessoas que arrumavam a mesa com todo capricho e carinho, que tinham o prazer em agradar os convidados e oferecer e fazer o seu melhor para que um simples almoço de domingo fosse, mesmo que simples, de bom gosto além de gostoso.

Deve ser por isso que hoje quando eu saio pra comer fora eu reparo tanto nos detalhes, aprecio a perfeição, no modo que me servem e faço questão não só de fazer críticas construtivas quando vejo algo que não me agrada, mas também de elogiar o cozinheiro que preparou aquele prato com dedicação e conseguiu fazer um almoço, um momento agradável para os seus clientes.

É nesse sentido e é por isso que resolvi fazer esse blog, para que ele seja um veículo para consultas, sobre hábitos, queixas e preferências, de críticas à elogios, enfim, de colocar o meu ponto de vista, para as pessoas que buscam restaurantes, bares e endereços de comidinhas, com o objetivo de que aquele momento não só seja gostoso mas que a sua experiência seja algo inesquecível, tornando o seu espaço um lugar agradável.

O lugar que tem qualidade, seus clientes têm vontade de voltar e de indicar.